Investigação forense: como realizar o rastreamento de origem de arquivos digitais e identificar a fonte de uma evidência
Quando se fala em segurança digital, a incerteza é a maior inimiga. Após um incidente, seja um vazamento de dados, uma fraude interna ou um ataque cibernético, a primeira e mais importante pergunta a ser respondida é: “De onde veio essa evidência?”
Em um ambiente onde um arquivo pode ser copiado, renomeado ou transferido para qualquer lugar em segundos, encontrar sua origem pode parecer uma tarefa impossível.
No entanto, é exatamente isso que as investigações forenses se propõem a fazer, transformando dados brutos em um roteiro detalhado do caminho percorrido por uma evidência digital.
Com o aumento da digitalização, a quantidade de dados criminais disponíveis explodiu. De acordo com a Verizon, no "2025 Data Breach Investigations Report", 89% dos incidentes de segurança envolvem a atuação de um agente externo, sendo a engenharia social, muitas vezes, o ponto de entrada para a infiltração de arquivos maliciosos.
Esse percentual reforça a necessidade de um rastreamento preciso para determinar a origem de uma ameaça, permitindo que as empresas e as forças de segurança construam um caso sólido e tomem as medidas necessárias.
O que é rastreamento de arquivos digitais em investigações forenses?
O rastreamento de arquivos digitais é o processo de reconstrução do caminho de um dado, desde a sua criação até o momento em que se torna uma evidência em uma investigação.
Diferente de uma investigação tradicional, que se baseia em depoimentos e evidências físicas, as investigações forenses se aprofundam na análise técnica de metadados, logs e rastros digitais para criar uma linha do tempo inquestionável. O objetivo do rastreamento é responder perguntas como:
- Quando o arquivo foi criado?
- Quem o criou e de qual dispositivo?
- Quando e como ele foi modificado ou transferido?
- Qual foi o seu destino final?
- Ele foi copiado ou movido para outros locais?
A resposta para essas perguntas é o que permite transformar um simples arquivo em uma prova válida, garantindo que a cadeia de custódia seja mantida e a credibilidade da investigação seja preservada.
Quais são as melhores técnicas e métodos para rastreamento de origem?
Para rastrear a origem de um arquivo, os peritos em investigações forenses utilizam uma combinação de técnicas sofisticadas que exploram cada detalhe técnico da evidência digital.
Análise de metadados
Metadados são "dados sobre dados". Eles são como o DNA de um arquivo digital, contendo informações que não são visíveis no seu conteúdo, mas que contam a sua história. Cada tipo de arquivo possui seus próprios metadados. Um documento de texto, por exemplo, pode incluir:
- Nome do autor original.
- Nome da última pessoa que salvou o arquivo.
- Data e hora de criação, modificação e último acesso.
- Nome do computador onde foi criado.
- Informações sobre a impressora utilizada para imprimir o documento.
Em um caso de fraude corporativa, por exemplo, um arquivo PDF com informações confidenciais vazadas para a concorrência pode ser rastreado através de seus metadados.
A análise forense pode revelar que o arquivo foi criado por um ex-funcionário em um computador específico da empresa, e que o arquivo foi modificado pela última vez poucos minutos antes do funcionário sair da rede corporativa.
Esse rastreamento, que não seria possível apenas lendo o conteúdo do documento, oferece uma evidência irrefutável para a investigação.
Segundo a Gartner, a gestão e análise de metadados são vitais para a governança de dados, e sua ausência pode comprometer a validade de uma evidência em 70% dos casos.
Análise de logs de sistema e rede
Logs são como diários de bordo de um computador ou de uma rede. Eles registram cada evento que acontece, e são uma fonte rica de informações para as investigações forenses.
Logs de sistema (Windows Event Logs, Syslog)
Registram o acesso a arquivos, a instalação de softwares, a conexão de dispositivos USB e as alterações no sistema. Se um arquivo malicioso foi executado, o log de eventos pode mostrar a data, a hora e o usuário que iniciou o processo.
Logs de firewall e servidores
Registram o tráfego de rede, incluindo tentativas de acesso, transferências de dados e conexões. Um perito pode analisar um log de firewall para identificar o endereço de IP externo que se comunicou com a rede interna, ou um log de servidor para descobrir quando um arquivo foi transferido via FTP.
A correlação entre esses logs permite ao perito reconstruir uma linha do tempo detalhada e identificar o fluxo de um arquivo. O rastreamento de um ataque de ransomware, por exemplo, pode ser feito analisando os logs de rede para encontrar a conexão externa que transferiu o arquivo malicioso, e os logs de sistema para identificar o usuário que abriu o arquivo.
Fingerprints digitais (hashes)
O hash é a "impressão digital" única de um arquivo. Já discutido anteriormente como uma ferramenta para garantir a integridade da prova, o hash também é fundamental para o rastreamento.
Se um arquivo malicioso foi detectado, o perito pode calcular seu hash e buscar essa mesma impressão digital em outros computadores da rede.
Mesmo que o criminoso tenha renomeado o arquivo para "foto.jpg", o hash do arquivo original permanecerá o mesmo, permitindo que a evidência seja encontrada e correlacionada em múltiplos dispositivos.
Análise de carimbo de tempo (timestamps)
Os carimbos de tempo, ou timestamps, registram a data e hora de três eventos principais de um arquivo:
- Modified (M-Time): quando o conteúdo do arquivo foi alterado pela última vez.
- Accessed (A-Time): quando o arquivo foi lido ou acessado.
- Created (C-Time): quando o arquivo foi criado no sistema de arquivos.
A análise desses timestamps pode revelar se um arquivo foi copiado (o C-Time pode mudar), se foi apenas lido (o A-Time será mais recente) ou se foi editado (o M-Time será mais recente).
Em investigações forenses, os peritos também buscam por anomalias, como timestamps que parecem falsificados, uma técnica conhecida como timestamping, que criminosos usam para confundir os investigadores.
O uso de ferramentas especializadas permite identificar essas manipulações e revelar a verdadeira cronologia dos eventos.
Qual é o papel da Techbiz nas investigações forenses?
O rastreamento de arquivos digitais é uma disciplina complexa que exige conhecimento técnico profundo, o uso de ferramentas especializadas e a adesão a procedimentos rigorosos para garantir que as evidências sejam juridicamente válidas.
Com uma equipe técnica especializada, a TechBiz oferece soluções tecnológicas avançadas que apoiam instituições de segurança na condução de investigações e forense em evidencias digitais com mais precisão, agilidade e confiabilidade.
As soluções da Techbiz Forense Digital permitem que cada etapa do rastreamento de arquivos seja realizada com o máximo de rigor, transformando evidências digitais em provas inquestionáveis.
Em um mundo onde os dados se movem na velocidade da luz, a capacidade de rastrear a origem de um arquivo é o que separa a incerteza da verdade. As investigações forenses não se baseiam em suposições, mas em fatos e evidências técnicas irrefutáveis, que são reveladas por meio de uma análise meticulosa de metadados, logs, carimbos de tempo e hashes.
Essa é a forma forense de construir uma narrativa precisa de um incidente, garantindo a justiça e protegendo a integridade da cadeia de custódia.






